Vanessa Marques
3 min readFeb 5, 2019

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Obrigada

Eu tenho uma mania um pouco estranha, costumo escolher algumas pessoas aleatórias, tanto faz se homem ou mulher, e imagino como elas fazem sexo. Se são falantes, intensas, rápidas, se ficam gemendo, se tiram a meia, se são tímidas, se falam coisas depravadas, se fazem sexo grupal… enfim, as possibilidades são infinitas.

E eu costumo acreditar que eu tenho sexto sentido quando estou flertando com alguém. Eu sei quando o parceiro vai ter química , só de olhar pra ele.

Foi assim com o João (aquele nome bem clichê, pra preservar identidade). Quando o vi na minha frente, um único pensamento tomou todo meu ser: quero sentir esse homem dentro de mim.

Quando ele veio falar comigo, eu mal conseguia respondê-lo. Fiquei sem graça, preocupada se talvez meus pensamentos estivessem tão altos a ponto de estar estampado na minha cara.

Me joga aqui nessa mesa, abaixa o meu jeans e me penetra. Quero te sentir…

A reunião durou uma eternidade, eu estava dividida entre querer estar perto daquele homem atraente ou torcer para aquela tortura de ser obrigada a me concentrar acabar de uma vez.

– Anota o meu número, se você tiver alguma dúvida, me liga.

– Claro, obrigada! Até logo.

Ufa, graças a Deus. Que perigo esse número nas minhas mãos, queria mesmo era ligar dizendo: que horas você vem aqui me pegar? Fico pensando como seria minha vida se eu fosse tão ousada quanto meus pensamentos.

Eu quis, eu desejei. Eu ainda não sabia como, mas de alguma forma, eu teria aquele homem.

Passou algum tempo e como essa não é a parte mais interessante da história, pularemos a parte de como eu consegui um encontro com ele. Em resumo, ele ter deixado o contato comigo foi um grande passo.

E lá estávamos nós, era a nossa segunda transa, a primeira já tinha sido monumental. Bem mais do que eu esperava. Meu sexto sentido estava mais do que certo, eu tinha acertado no alvo.

Chegamos na sua casa, tudo escuro e ele não acendeu as luzes, apenas um pouco de luminosidade vinha da janela. Seu toque era sempre firme, ele me encostou num pilar redondo que havia logo próximo a entrada, começou a tirar minha roupa. Afastou-se de mim e logo a frente havia um aparador, retirou tudo que havia em cima dele, ele me puxou e me colocou lá. Seu toque, seu beijo, sua respiração, isso já era o suficiente pra me deixar completamente molhada.

Ele me conduziu até o quarto, ele tinha uma surpresa, disse que iria fazer algo com um cinto. Eu estava excitada demais. Só havia o escuro e ele. Eu não sabia o que ele faria, quando faria, nem como. Era uma dança, ele guiava, eu estava entregue, solta, estava nas mãos dele. Só aguardava ansiosa pelo próximo passo.

Ele pegou o cinto nas mãos, estalou forte, o barulho me assustou, mas não tocou em mim.

Senti o cinto roçando no meu pescoço, ele puxou forte o meu pescoço pra trás, me enforcando e quando eu já estava quase implorando, ele finalmente me penetrou. Ele entrava e saía de mim com força, enquanto me enforcava. Era delicioso, é libertador não ter controle. Eu não tinha nenhum e estava num estado de prazer imensurável.

Ele parou de me enforcar e nós transávamos em todas as posições, ritmos e intensidades possíveis. Era intenso e ele sempre me guiava, dominava a cena, eu faria tudo que ele quisesse, ele me batia, tapas com as mãos, cintadas. Ele puxava meu cabelo, enquanto penetrava com força. Me chupava, lambia, sugava, bebia.

Estávamos suados, molhados, descabelados.Eu sentia o cheiro da pele dele, do sexo, do suor. Eu passava os dedos entre o cabelo encaracolado dele. Eu queria engolir, lamber, beber, tudo que saísse dele. Comecei a lambê-lo: sua testa, suas bochechas, seu nariz, sua boca, desci para seu pescoço, peito, braços, lambia seu pau, seu saco, suas pernas, eu queria lamber aquele homem inteiro. E foi o que eu fiz.

Nós estávamos transando de fato. De verdade, sabíamos o que estávamos fazendo. Aquilo não era só um entra e sai de pau. Não era gozar. Aquilo era química pura. Duas pessoas que gostam de sexo, de verdade, juntas, fazendo aquilo de verdade, pra valer. Com dedicação. Era lindo demais pra mim. Tão raro.

Não aguentei, gozei. Tremi de prazer. E a única coisa que me veio a mente foi: gratidão. Por esse encontro. Por essa performance digna de memórias.

– Obrigada!

– O que você disse?

– Obrigada!

– Essa foi a coisa mais estranha que já me disseram depois do sexo, mas adorei.

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Vanessa Marques

Arquiteta e urbanista. Curiosa. Múltiplos interesses. Escrevendo pra tentar não enlouquecer.